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sexta-feira, 15 de março de 2013

Series e Repetiçoes


Este é um assunto tão complexo e polêmico que trará muitos benefícios ao nosso blog. 

Já amplamente discutido, tento colocar alguma base para essas mesmas discussões. 

Em tudo o que foi dito, não estou entrando no mérito do número de fibras recrutadas, seções transversais e etc, ok? 

De uma certa forma é consenso na Educação Física que mais repetições com pouco peso objetiva-se o desenvolvimento da Resistência da Força. Pode-se com isso obter definição muscular mas não hipertrofia. 

A questão da hipertrofia é bastante polêmica e pouco esclarecida. Os indivíduos, reagem ao treinamento de forma diferente uns dos outros. O importante no treinamento é a modificação periódica das cargas e dos exercícios, assim como da alimentação equilibrada ou balanceada e suficiente. 

No quadro 01 abaixo, se encontram os possíveis números de repetições e o grau de hipertrofia muscular atingido no treinamento segundo Hatfield,1985 in Rodrigues; 1990,1992. 

QUADRO 1 
- 1 a 5 repetições : maior síntese de proteína contrátil (fibra IIb), Grau de hipertrofia níve3 (bom). 
- 6 a 12 repetições : maior síntese de proteína contrátil + hipertrofia sarcoplasmática (fibras IIa e IIb) . Grau de hipertrofia nível 4 (ótimo). 
- 12 a 20 repetições : maior hipertrofia sarcoplasmática + síntese de proteína contrátil (fibra IIc). Grau de hipertrofia nível 2 (regular). 
- >20 repetições : hipertrofia sarcoplasmática (fibra Tipo I). Grau de hipertrofia 1 (baixo) 

Para que possamos entender um pouco melhor a influência do numero de repetições sobre as respostas do treinamento, inclui abaixo os tipos de fibras musculares e as suas características. 
Nomenclatura variada dos tipos de fibras: 

Tipo I (Resistência) 
Vermelhas 
Tônicas 
Lentas 
Slow twitch fibers (ST) 
Tipo I - Subtipo: I C 

Tipo II (Força e velocidade) 
Brancas 
Fásicas 
Rápidas 
Tipo IIA – rápida oxidativa 
Tipo IIB – rápida glicolítica 
Fast twitch fibers (FT) 
Tipo II- Subtipos 
II A 
II B 
II C* 
II AB 
II AC 
Fonte: Chiesa;1999, Fleck & Kraemer;1999, Bacurau;2000. 

Nos treinos que visam a hipertrofia máxima, utilizamos treinamentos para todos os tipos de fibras musculares ou seja; utilizamos comumente números de repetições entre 4 até 20. As cargas de treinamento para a realização de 1 a 3 movimentos são muito perigosas para a maioria da população que treina em academias, assim como, a segurança dos equipamentos pode criar o risco de sérias lesões. 

Como observado no quadro 01, trabalhar entre 4 a 20 repetições nos traz respostas positivas com graus de hipertrofia , regular, bom e ótimo. Sabemos que as fibras de força são aproximadamente 45% mais hipertrofiadas nos indivíduos que treinam força em comparação com aqueles que treinam resistência, por este fato o treinamento visando hipertrofia é 70% para a força e 30% para a resistência de força em linhas gerais, não sendo uma regra estabelecida

Devemos ter em mente que o “contador de repetições ideais” não existe, e esta rigidez numérica é totalmente desprovida de comprovações confiáveis. O número de repetições é um fator fundamental, mas jamais deve ser analisado isoladamente dentro do complexo contexto que origina a hipertrofia muscular, para sermos mais precisos devemos analisar a velocidade da contração tanto excêntrica quanto concêntrica, tempo de pausa na contração e no alongamento, ênfase dada em determinados ângulos etc... 

Antes de sair por aí dizendo que existe um número ideal de repetições para hipertrofia é necessário que se conheça os prováveis mecanismos de hipertrofia. 

VARIÁVEIS DE CONTROLE DE SOBRECARGA 

12 variáveis – 6 volume e 6 intensidade 

VOLUME 
- séries 
- repetições 
- n° de exercícios por grupo muscular 
- n° de exercícios totais 
- frequência semanal 
- parcelamento 

INTENSIDADE 
- quilagem 
- amplitude 
- velocidade 
- intervalo recuparetivo entre exercícios 
- intervalo recuparetivo entre séries 
- sequência de exercícios 

Essas variáveis dentro de alguns tipos de treinamento: 

FORÇA PURA 
- QUILAGEM = 90 a 100% de 1RM 
- AMPLITUDE = total 
- VELOCIDADE = lenta 
- INTERVALO RECUPERATIVO ENTRE EXERCÍCIOS = 3 a 5 min 
- INTERVALO RECUPERATIVO ENTRE SÉRIES = 3 a 5 min 
- SEQÜÊNCIA DE EXERCÍCIOS = todas possíveis 
- SÉRIES = 1 a 6 
- REPETIÇÕES = 1 a 6 RMs 
- N° DE EXERCÍCIOS POR GRUPO MUSCULAR = 1 a 3 (*) 
- N° DE EXERCÍCIOS TOTAIS = (*) 
- FREQÜÊNCIA SEMANAL = 2 a 6 
- PARCELAMENTO = poderá ocorrer 

AUMENTO DE VOLUME MUSCULAR (HIPERTROFIA) 
- QUILAGEM = 80 a 85% de 1RM 
- AMPLITUDE = total 
- VELOCIDADE = média a lenta 
- INTERVALO RECUPERATIVO ENTRE EXERCÍCIOS = 1 a 2 min 
- INTERVALO RECUPERATIVO ENTRE SÉRIES = 50 s a 1 min e 30s 
- SEQÜÊNCIA DE EXERCÍCIOS = principalmente concentrado por 
segmento corporal ou agonista/antagonista 
- SÉRIES = 2 a 6 
- REPETIÇÕES = 8 a 12 RMs 
- N° DE EXERCÍCIOS POR GRUPO MUSCULAR = 1 a 4 (*) 
- N° DE EXERCÍCIOS TOTAIS = (*) 
- FREQÜÊNCIA SEMANAL = 3 a 6 
- PARCELAMENTO = poderá ocorrer 

POTÊNCIA MUSCULAR 
- QUILAGEM = 60 a 70% de 1RM 
- AMPLITUDE = parcial (método ‘roubado’) 
- VELOCIDADE = máxima 
- INTERVALO RECUPERATIVO ENTRE EXERCÍCIOS = 2 a 5 min 
- INTERVALO RECUPERATIVO ENTRE SÉRIES = 2 a 3 min 
- SEQÜÊNCIA DE EXERCÍCIOS = principalmente alternado por 
segmentos corporais ou agonista/antagonista 
- SÉRIES = 1 a 3 
- REPETIÇÕES = 6 a 14 RMs 
- N° DE EXERCÍCIOS POR GRUPO MUSCULAR = 1 a 3 (*) 
- N° DE EXERCÍCIOS TOTAIS = 30 a 40 (*) 
- FREQÜÊNCIA SEMANAL = 2 a 4 
- PARCELAMENTO = preferencialmente sem parcelamento 

RESISTÊNCIA MUSCULAR LOCALIZADA 
- QUILAGEM = 40 a 60% de 1RM 
- AMPLITUDE = total 
- VELOCIDADE = média 
- INTERVALO RECUPERATIVO ENTRE EXERCÍCIOS = 30 s a 1 min e 
30 s 
- INTERVALO RECUPERATIVO ENTRE SÉRIES = 20 a 1 min 
- SEQÜÊNCIA DE EXERCÍCIOS = principalmente concentrado por 
segmentos corporais 
- SÉRIES = 3 a 6 
- REPETIÇÕES = 20 a 40 RMs 
- N° DE EXERCÍCIOS POR GRUPO MUSCULAR = 1 a 4 (*) 
- N° DE EXERCÍCIOS TOTAIS = (*) 
- FREQÜÊNCIA SEMANAL = 2 a 6 
- PARCELAMENTO = preferencialmente sem parcelamento 

INICIANTES (ADAPTAÇÃO) 
- QUILAGEM = 30 a 50% de 1RM 
- AMPLITUDE = total 
- VELOCIDADE = média 
- INTERVALO RECUPERATIVO ENTRE EXERCÍCIOS = 2 a 5min 
- INTERVALO RECUPERATIVO ENTRE SÉRIES = 2 a 5 min 
- SEQÜÊNCIA DE EXERCÍCIOS = alternado por segmentos corporais 
em forma de circuito 
- SÉRIES = 1 a 2 
- REPETIÇÕES = 15 a 25 RMs 
- N° DE EXERCÍCIOS POR GRUPO MUSCULAR = 1 a 2 (*) 
- N° DE EXERCÍCIOS TOTAIS = (*) 
- FREQÜÊNCIA SEMANAL = 2 a 4 
- PARCELAMENTO = preferencialmente sem parcelamento 

Respostas hormonais. 

Tempos de contração moderados a altos e descasos curtos entre as séries produzem maiores picos de GH, porém lembre-se que é discutível a influência deste hormônio na hipertrofia muscular. Já os treinos de cargas altas com períodos longos de descanso, liberam maiores quantidades de testosterona . 

Hidratação celular (HÄUSSINGER, et al, 1993; WALDEGGER, et al, 1997; MILLAR ; et al, 1997) 

Para que se consiga um melhor fluxo sangüíneo local é recomendável não prolongar muito os descansos e manter tempos de contração suficientes para originar os desequilíbrios na homeostase necessários a ocorrência desta reação (diminuição do pH, elevação do lactato...). 

Microlesões (RUSSELL et al, 1992; SCHULTZ et al, 1995) 

As microlesões são geradas principalmente por contrações excêntricas. 

TEMPO DE CONTRAÇÃO X REPETIÇÕES 

Segundo VERKHOSHANSKY (2000) - “a chave para o tamanho muscular é levantar um peso de cerca de 80% do máximo por 8-12 repetições durante 40-60 segundos” (p.27). POLIQUIN por exemplo, refere-se a tempos entre 20 e 70 segundos como ideais para ganhos de massa muscular. Este autor propõe uma perspectiva de análise onde leva-se em conta o tempo da fase excêntrica, da pausa e da fase concêntrica, por exemplo, realizar agachamento com 3 séries de 6 repetições com tempo 321, significa que você levaria 3 segundos para descer, pararia no “fundo” do agachamento durante 2 segundos e subiria em 1 segundo (o primeiro digito se refere a fase excêntrica o segundo a pausa e o terceiro a fase concêntrica). 

CONCLUSÃO 

Para alcançar seus objetivos é imprescindível usar racionalmente todas as estratégias. 
Prender-se a números de repetições pode até prejudicar seu desenvolvimento. O segredo está em manipular todas as variáveis de acordo com o músculo, características individuais e o objetivo do treino. Deve-se organizar tudo adequadamente dentro de um planejamento a curto prazo, que deve estar devidamente estabelecido no planejamento de médio prazo, o qual por sua vez é componente do planejamento a longo prazo. A montagem e prescrição de séries são fatores muito complexos e o menor detalhe deve ser visto sempre como componente desta estrutura intrincada e potencialmente instável, o sucesso tem muito a ver com o conhecimento e manipulação destas variáveis.
 

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